Isso não é justo! (?)
O livro de Jonas conta uma daquelas histórias que nos fazem corar de vergonha, ao mesmo tempo em que nos prostramos perante Aquele que é digno de toda honra e glória.
Jonas: um homem teimoso, amargurado, insensível, preocupado com seus próprios problemas, alheio às dores do próximo. Você se identificou com ele? Eu sim.
Nínive era a capital da Assíria, que desde muito tempo, era inimiga do povo de Israel. Várias vezes guerrearam contra os israelitas, o que os fazia “personae non gratae” a qualquer judeu que se prezasse.
Sabendo que este povo era perverso e não sabia distinguir entre o bem e o mal, Deus ordenou a Jonas que profetizasse a destruição daquela cidade.
Jonas fugiu. Quem poderia imaginar que se pudesse fugir da presença do Senhor? Somente alguém que não tem uma completa noção da soberania de Deus pudesse achar isso. Naquele tempo acreditava-se que os vários deuses que havia, tinham poder incontestável somente no local em que eram conhecidos e adorados (Comentário bíblico Vida Nova), e talvez esse fosse o motivo porquê Jonas tivesse fugido. Mas como disse certo homem segundo o coração de Deus: Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Salmos 139.7
Nesta jornada, Jonas descobriu quem era o verdadeiro Deus com quem ele estava começando a se relacionar.
Depois de uma experiência singular, e de uma oração dramática, Jonas voltou para fazer o que Deus havia lhe ordenado. Chegou àquela importante cidade e, por um dia inteiro, começou a proclamar a Sua destruição. Vemos aqui, que Jonas ainda estava fazendo o que lhe havia mandado, não por misericórdia ou por amor, pois ele estava proclamando a destruição da cidade e não pregando o arrependimento. Mas para sua surpresa, o coração daquele povo começou a se mover, e a se humilhar diante de Deus. Eles creram naquela palavra e decidiram se humilhar diante de Deus. Talvez não estivessem totalmente arrependidos de seus pecados ainda, pois o texto mostra que eles ficaram com muito medo e decidiram que se converteriam ao Senhor. Mais surpreso ainda ficou Jonas quando Deus não fez o que havia intencionado.
“Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez.” Jonas 3.10
A palavra neste texto “arrependeu” (nacham) , significa que Deus sentiu compaixão, pena daquele povo ao ver suas lamentações. E Jonas, como bom legalista que era, não se conformou com esse fato e “fez beicinho” e disse: Eu sabia!! Não disse que o Senhor se arrependeria? Isso é justo, Senhor? E novamente correu para longe. A Bíblia diz que ele saiu da cidade e se colocou ao oriente e ficou lá, esperando pra ver que aconteceria.
–Será que agora Deus “cai em si” e resolve destruir essa cidade de uma vez? Quem sabe esse não seria o pensamento de Jonas!
Mas para o SENHOR, como neste livro é descrito Yehovah (Deus verdadeiro), não há limites para presentear a todos com a Sua graça incondicional. Deus tratou novamente com Jonas: fez nascer uma planta para lhe fazer sombra e trazer conforto, o que deixou Jonas alegre e satisfeito. Mas no outro dia, a planta se secou, e novamente o amigo Jonas reclamou: Deus, quero morrer! Não vale a pena viver!
Nesse momento Deus mostra o que é a sua justiça:
Jonas você nem se deu ao trabalho de plantar e está reclamando e se preocupando com a planta que morreu? Imaginou que Eu não me preocuparia com essa cidade onde habita pessoas as quais eu amo, e que não sabem discernir o bem do mal?
A bíblia não relata como Jonas recebeu essa palavra. O que disse, o que pensou, se ele se arrependeu... Mas eu teria corado de vergonha, como o estou agora, ao imaginar como julgamos as pessoas que Deus ama e pelas quais deu Seu filho Jesus. A mim não custa nada a salvação de uma pessoa, mas para Deus custou o sangue de Jesus, seu amado filho. Porque não posso amar as pessoas que Deus ama? Porque só consigo amar aquelas que são “parecidas” comigo, que são aceitáveis aos meus olhos? Porque não conseguimos entender que TODOS pecaram e carecem da glória de Deus? (Rm 3.23)
Isso é Verdadeira e Maravilhosa Graça. Isso sim é justo diante de Deus!
Por Célia Soncella
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