Se encontrarem meu amado,
diga-lhes que estou enferma de amor...(Ct 5.8)
O livro de Cantares retrata a história de amor, de um casal de noivos, muito singela e singular.
Um príncipe que se apaixona por uma plebéia. Uma típica história de amor, sonhada por todas as moças.
Lindas canções e juras de amor são relatadas ali. A noiva, incomodada com os olhares para a sua pele morena devido ao trabalho constante de sol a sol, pede que as outras moças do palácio não a julguem por isso. Enquanto ela se preocupava com as outras eis o que o noivo pensava a seu respeito:
Eis que és formosa, ó amiga minha, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas. (Ct 4.1)
O noivo a levou ao seu palácio, ao lugar de banquete, e em clima de festa lhe mostrou todo o seu amor.
Como uma moça simples, ela se mostrava envergonhada pela sua aparência, e intimidada pela beleza e riqueza do palácio. Mas o noivo a incentivava:
Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face, aprazível. (Ct 2.14)
A noiva reconhecia a voz do seu amado, (Cantares 2.8) e seu coração estremecia por amor dele. (5.4). Seus sonhos era para o seu querido, e nas madrugadas, em sonhos, quando não o encontrava, ela o buscava constantemente, chamava por ele, até encontrar “aquele a quem ama a minha alma”. (3.1-4).
Esta história de amor repleta de poesias cantadas pelo noivo, a noiva, os amigos do noivo e da noiva e de suas famílias, não te lembra alguma história?
A mim, me lembra a minha própria história. Meu Amado que me conheceu “queimada de sol”, sofrida e sem esperança. Sim, Ele me amou. O que Ele viu em mim? Beleza, olhos cansados e à procura de um amor que vale a pena. Ele me levou ao seu lugar secreto e demonstrou todo o Seu amor. Seu lugar secreto era um Jardim, O Jardim do Getsêmani, cujo significado é Lugar onde se prensa o azeite, e é onde sua alma foi prensada. Lá onde ele decidiu por mim. ele poderia ter optado pela Sua liberdade, por não sofrer na cruz do calvário, mas ele deu a Sua vida por me amar. Me encontrou na fenda das penhas, escondida, com medo, e me chamou com a Sua voz doce e agradável. Eu ouvi a Sua voz e logo aprendi a reconhecê-la quando me chamava, e meu interior estremecia por amor Dele. Como borboletas no estômago, sabe? Como dizem de quem está apaixonado.
O buscava constantemente e tinha certeza do Seu grande amor.
Mas como aconteceu com a noiva de cantares, no capitulo 5, muitas vezes sou indiferente com meu Amado. O poema conta de como ela fingiu indiferença com seu noivo, e não atendeu ao seu chamado quando este veio bater a sua porta. Ela deu a desculpa de que já estava deitada, e não queria “ser incomodada”. Somente quando ele foi embora e ela não conseguia mais ouvir a sua voz, se deu conta de que estremecera de amor por ele.
Quantas foram as vezes que fiz o mesmo, e deixei meu Amado se ir? Depois a solidão que abate a alma, e o estremecimento pela ausência do Querido. Uma dor enorme e um desejo de encontrá-lo mais uma vez.
Se encontrarem meu amado, diga-lhes que estou enferma de amor...(Ct 5.8)
É assim que ficamos sem Ele: se não ficamos desfalecidos de amor, ficamos doentes por causa da contaminação do mundo.
No capítulo 6 é dado o paradeiro do noivo: ele estava no jardim, onde, talvez estivesse relembrando os momentos que ali passara com a sua noiva. Quando ele a vê, lhe faz elogios e diz a ela o quanto a sua beleza é perturbadora. Novamente ele lhe fala sobre o seu amor que pertence somente a ela.
O amor de Jesus é incondicional. Observa-se que no poema, o noivo não censurou a sua noiva, apenas confirmou a ela o amor, e como a estava esperando. Assim como meu Querido, que não censura, nem despreza ou abandona aquele que o busca com ansiedade, sinceridade e estremecimento no coração. Ao contrário, Ele mesmo faz o convite:
“Venha, beba de graça da água da vida.” Ap 22.17
GRAÇA– Inexplicável e imensurável GRAÇA! Imerecida e abundante GRAÇA!
No lugar secreto, no Seu jardim: este é o lugar que Jesus espera me encontrar. (Gn 3.8) ali me fala do seu amor. E pede que eu não me esconda da Sua presença
Você está escondida como uma pomba na fenda de uma rocha. Mostre-me o seu rosto;
deixe-me ouvir a sua voz; pois a sua voz é suave, e o seu rosto é lindo. (Ct 2.14)
Apesar de toda minha indiferença para com o meu Noivo, Ele deseja se encontrar comigo, olhar nos meus olhos, segurar a minha cabeça com suas mãos e recostá-la junto ao Seu coração.
O que é necessário para que isso aconteça? –Borboletas no estômago. Coração estremecido de amor, buscar até encontrar, aguardá-lo ansiosamente todos os dias, horas, minutos e segundos!
Apaixonar-se novamente, dia após dia... Por Célia Soncella
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